segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Homem é um Texto Narrativo

Numa bela manhã, adornada por prantos de uma cadela em cio, o universo cuspira o pó, deus do vento soprara e se fez a introdução da narrativa, se destacando parágrafos e períodos durante a noite toda, que abalaram terras como Haiti, construindo a destruição das terras sem anuência dos seus supostos proprietários. Alguns doadores ofereceram mantimentos como retórica, concordância, entre
outros em solidariedade ao seu homólogo, o homem.
Passando a bola aqui e acolá em ruas nuas, ferira a terra, rasgando as suas entranhas, o Milho e o Feijão foram os calos do solo intrépido, tendo sido afogados pelo estômago do dilúvio que se prosseguira, crescendo a época da miséria, a que fora destinado o homem, o que nascera do pecado para pecador, mesmo Cristo tendo levado todos os pecados à cruz para a salvação do mesmo homem.
Houve sede na garganta da terra, raras vezes o deus da chuva aceitara as preces e oferendas levadas ao hélicon, ai se construíra o momento de pausa, a seca tomara o planeta terra, sobretudo as terras africanas, cuja agricultura coloniza-nos a medida em que exige seu dizimo para ser executada, morrendo estéril por falta de recursos financeiros, para demandar serviços de inseminação artificial, como forma de garantir a multiplicação das espécies vegetais e o sustento humano.
Se mostrando robusto e disputando o espaço com os coqueiros na competição pela luz. Contudo, inúmeros cocos perfizeram Mukapatas dentro e alem fronteiras dos machuabo. Tendo sido de maior sucesso alem fronteiras onde o prato mais se apreciara que dentro do território nacional. Crias cresceram com a crista na cabeça, kikirigons, inventaram o relógio do tempo que passara a seguir os passos do seu patronato, aumentando necessidades que nem constam na pirâmide de Maslow, gestão de tudo na vida e na morte.
Crocodilos viram os ânus nus limpos e sujos mergulhando no Limpopo, poluído não só pela lixeira em seu redor, mas também pela mediocridade humana. Levitando crânios dos devorados em sacrifício da mãe natureza, assim construíram o momento de avanço.
Alguns idiotas aliados aos invejosos, tentando cobrir o sol, sem medir as consequências ou pensando pudessem escapar dos efeitos da ausência do astro, cortaram os galhos do cachorro tentando ser cão, inventando modestamente a conclusão!

Deusa d’Africa
Semana Literária do Gangisar do Verso

CARTA A UM ARTISTA MOÇAMBICANO QUALQUER A ENDOSSAR AO MINISTÉRIO DO INTERIOR

Querido artista, é com a melancolia construindo o seu templo em minhas entranhas, e tocando o clítoris da minha alma, num orgasmo
sinfónico da proclamação de uma nova era da liberdade tangível, e revogando a liberdade politicamente promulgada; que vo-lo
escrevo, para dizer o quão vossa música, e os versos meus, tem voado como a Fénix em quaisquer pirâmides do universo.
Tenho fobia, pelo sistema de liderança no Ministério da Cultura, que como uma mosca tsé-tsé inebria aos fazedores da cultura,
cegando-os de forma sonolenta e asna.
Tendo eu, o poder de ver o que os outros não vêem, pois adormecem, endossai-me esta carta, ao Ministério do Interior, e alvitrai-os
para que tragam balas de chumbo em vez de borracha, gás mortífero em vez do lacrimogéneo, armas pesadas em vez de ligeiras, e
estrangulem-nos duma vez por todas, como tantos Midos Macies e mineiros em Marekana estrangulados pelos seus homólogos sulafricanos,
mas, que seja depois da consumação dos nossos anseios de demolir o Ministério da cultura cuja existência só se faz sentir
na cidade de Maputo, mais especificamente nas instalações ocupadas na Av. Julius Nyerere 1780. Não existindo em Moçambique,
uma vez que suas funções se desconhecem dentro do território nacional, e, como alvíssaras ou compaixão devolvamos os seus
recursos humanos à Educação, donde nunca deviam ter saído.
Mas também, o que se pode esperar, dum individuo que só se encanta pela dinâmica da cidade de Maputo, perdendo o tempo de
liderança (Tempo em que devia planear, organizar, implementar acções, monitorar todos os problemas e necessidades da classe
artística) contemplando viaturas congestionadas e casas sobrepostas, esperando que em algum momento o tempo pare para
compreender o seu pauperismo humano? Há que admitir também, que foi errónea, a escolha feita, porque pelo menos devia se ter
consultado a classe artística, para saber se dispõe de competência para corresponder aos desafios impostos.
Analisando contabilisticamente, diríamos que falar de Sua Excia. Senhor Ministro da Cultura, como escritor é falar dum activo sem
retorno, editanto assim como não, não faz diferença na sociedade, as suas obras constituem um facto patrimonial modificativo
diminuitivo, portanto quando lidas nada aumenta na massa cinzenta, mas sim provoca-se uma diminuição da inteligência humana; E,
como Ministro é um investimento que só confere à classe artística moçambicana um prejuízo total, admoestando-se a todos os
investidores a não apostarem em títulos dessa natureza.
Advirtais também, a AEMO que não abra as portas para acolher os exonerados da cultura, porque em vez de demolirmos o seu
edifício à machadadas e pedradas, por si só pode desabar, de tantos desgostos cujo baluarte é evidenciado pela convivência eterna
com madeireiros, marceneiros, e mercenários.
Apelai aos órgãos de informação, para que convidem ao tal, para que faça o balanço do seu estudo da dinâmica da cidade de
Maputo, desde o prefácio do seu mandato até ao posfácio. E, também digais, que o imploramos a ter dó dos nossos bolbos
raquidianos, que surtam dia-pós-dia quando o vêem se destacando na imprensa, apenas para lamuriar sobre a Criminalidade
Ascendente e a morte do nosso mor Malangatana.
Digais também, que nossos olhos encontram-se deteriorados, pela maneira como as províncias sobrevivem culturalmente, a
começar pelas Casas Provinciais de Cultura, que estão fodidas até a alma, subordinando-se à Educação, que tem a autonomia
para controlar seus passos, de tal forma que, até para as mesmas irem ao Banheiro são obrigadas a elaborarem um pedido de
dispensa e aguardarem pelo despacho da Direcção Provincial da Educação e Cultura, que as anua. Portanto, para quê separar a
Educação da Cultura, criando dois ministérios para ambos, se nas províncias ainda prevalece a união das mesmas, sendo
autónoma a Educação, perante a cultura que não dispõe de representação?!
De salientar que, os artistas moçambicanos tem uma fobia, pelas reuniões que o Ministério da Cultura tem realizado no seu
mandato, com o objectivo de auto-apresentar-se em Moçambique como Ministério da Avenida Julius Nyerere na cidade de
Maputo, exibindo em nossos pódios, discursatas e projecções em power point dum Plano Estratégico, cujo teor destaca uma
ortografia expelindo dejectos fedorentos sobre a língua portuguesa, e tendo como prioridade, a promoção do desgaste funcional
da mente artística. Contudo, sem mais circunlóquios é de comunicar peremptoriamente, que o mundo não demanda inoperantes,
só precisa de gente com penúria material, mas talentosa, trabalhadora, humilde, e honesta como nós.
Que seja consumada a chacina de vândalos como nós, porém que seja em concomitante com a demolição dum Ministério da
Cultura cuja liderança só tem aplicação no território de Maputo!


Moçambique, aos 30 de Março de 2013
Assinado por um Artista Moçambicano Qualquer

domingo, 4 de agosto de 2013

POESIA MOÇAMBICANA DE HOJE


É certo que esta não é a forma mais ideal de dar inicio a um escrito, até para o mais extraordinário dos escrevinhadeiros, mas devo, antes de mais, ressaltar a dificuldade que só ninguém não enfrenta quando se trata de falar deste assunto __ Poesia moçambicana de hoje.
A primeira seria o facto de ser, ainda, um fenómeno numa fase que podemos considerar embrionária e por assim ser, torna-se difícil indagar acerca dele tanto para mim assim como para qualquer historiador da literatura com a lucidez em dia.
A segunda dificuldade digna de destaque é o carácter múltiplo desta poesia ou os seus autores (pelo menos é isso que transparece quando interajo com os demais poetas em saraus, colóquios, encontros literários, etc.), claro! Numa sociedade com considerável multiplicidade, devida, se calhar, à própria natureza sócio-cultural do país e também ao mundo cada vez mais múltiplo, encontramos no mesmo poeta, vários poetas (creio que mais adiante explicarei de forma clarividente o porquê desta constatação). E, outro entrave que posso ainda trazer a tona é o facto de, eu não ser a pessoa cientificamente indicada para esta tarefa, por um lado, porque a mesma exige um gabarito intelectual do qual não disponho e, por outro, porque sou integrante do vasto grupo de poetas que faz e perfaz esta arte nos dias de hoje.
Portanto, perante este quadro de dificuldades, apresentar como estanques e inquestionáveis as minhas constatações acerca da poesia moçambicana de hoje, seria uma tentativa de desonestidade levada a bom termo!
Enfim, deixemos os queixumes de lado!                                
O facto é que, nesta nova gama de poesia actualmente cultivada em Moçambique, nota-se, como teria dito acima, uma multiplicidade tal que permite-nos cogitar a possibilidade de, em um poeta poder se encontrar vários poetas, porém, percebe-se que nessa multiplicidade há originalidade, pois por mais que os poetas divaguem em diversas formas de estar na poesia, eles vão mantendo marcas mínimas que permitam a identificação da sua caligrafia. Mas afinal, a que formas de estar na poesia me refiro?
São várias, mas as mais presentes nos poemas com que me deparo em saraus, em redes sociais, na televisão, em blogues e os demais canais de interacção, são as seguintes:
1) Poesia descritiva
Onde privilegia-se a descrição objectiva do cenário urbano, destacando os vários problemas urbanos (que não são exclusivos das cidades moçambicanas embora estejam de certa forma mais acentuados). Geralmente, o poeta faz a descrição das coisas, do cenário, das pessoas, enfim de tudo que o cerca num discurso apegado a detalhes que, parecendo ínfimos, vem dar ao texto uma expressividade tal, do drama que se vive nas cidades e aliando isso aos mandos e desmandos da classe política. Portanto, em linhas gerais, é uma poesia que vai além da mera descrição e carrega consigo uma forte carga semântica crítica, quando perpassa questões como: desigualdade social, criminalidade, corrupção (recorrendo ao termo cabritismo, para apelidar este facto, partindo do adágio popular que diz “o cabrito come onde está amarrado”, nesta senda, o vocábulo “corrupto” é substituído por “cabrito”).
2) Poesia obscura
Pode-se até apelidar de poesia metafísica ou hermética, mas o facto é que os cultores desta forma de poesia pautam pela abordagem de temas incomuns nos textos dos anteriores fazedores da poesia em Moçambique (pelo menos, assim, de forma muito explícita). É uma forma de poesia que indaga sobre questões enigmáticas num tom, de certo, irónico e por vezes humorístico sem deixar de lado a angústia que estas questões místicas (como vida e morte, por exemplo) trazem consigo. Entretanto, a angústia e o humor surgem da dificuldade que todos enfrentamos em decifrar o indecifrável, numa linguagem, por vezes, rebuscada que confere ao texto um carácter mais enigmático ainda. Pode-se dizer, desta forma, que esta forma de poesia é, praticamente, um labirinto formado pelo hibridismo provindo do carácter objectivo mas abstracto, triste mas engraçado, meramente ficcional mas também verdadeiro desta poesia.
3) Poesia Nacionalista/ Memorialista
Nesta forma de escrever nota-se um certo saudosismo que se manifesta de diferentes formas. Uma, é de forma nostálgica, sobretudo, quando o intento é exaltar os feitos dos combatentes das guerras por que o país passou há anos, ou mesmo a um líder específico, ressaltando o seu particular emprenho na luta pela libertação da pátria. Fazendo assim, uma crítica geralmente subtil à hipocrisia da classe política actual. A outra, é que o passado é visto como um exemplo a ser seguido, no sentido em que os “jovens” de ontem tinham dificuldades a sua frente e, portanto, enfrentaram-nas corajosamente. Desta forma, na poesia este acto heróico é tido como um estímulo para que os poetas se debrucem sobre os problemas da sociedade, fazendo o chamado para o lutar necessário, por parte da sociedade em geral, contra os males que pairam, embora tal luta exija outros meios diferentes do fogo das armas como teria acontecido outrora.
4) Poesia Intimista
Esta postura na poesia vem sendo cultivada até mesmo antes da geração Charrua (embora haja que reconhecer o facto de ter sido com esta geração que esta forma de estar na poesia fez se mais presente). É, no entanto, a poesia que versa sobre os amores perdidos e ganhos, embora por vezes tenha cariz nacionalista, sobretudo, quando de entre outros aspectos, traz nas entrelinhas uma exaltação da moçambicanidade, por exemplo.
Em linhas gerais, diria eu que a poesia moçambicana de hoje é feita pelos dramas do quotidiano, desde os problemas sociais (directamente relacionados com a sociedade) até a questões existenciais (que parecendo meramente pessoais, são inerentes a sociedade e/ou humanidade em geral).
No referente à linguagem, uns pautam por uma linguagem muito erudita e outros nem por isso, mas, todos desaguam no mesmo aspecto __ o recurso aos moçambicanismos (modismo próprio da linguagem dos moçambicanos), e a vocábulos da língua inglesa que entram no léxico português por via das designações das novas tecnologias e com a intenção fortemente propositada de espelhar aquilo que são os modismos adoptados na fala urbana, em especial.
Em relação aos movimentos e/ou grupos anteriores, este novo grupo de poetas tem mais uma postura de continuidade do que de ruptura, tendo os anteriores poetas como modelos que não podem ser completamente contestados mas pelo contrário, tidos como base e, ajustam este sustentáculo consoante a criatividade pessoal e as novas exigências desta arte na actualidade (afinal, não estamos numa ilha, nem que estivéssemos, o mundo anda globalizando-se a cada minuto, hora e dia). Portanto, perante esta postura de continuidade para com os anteriores fazedores da poesia em Moçambique, os diálogos intertextuais entre estes grupos são marcados por paráfrases, epígrafes, citações (uma mais subtis que as outras), enfim, dentro deste cenário torna-se arriscado considerar uma possibilidade de haver uma paródia, por exemplo, para com os fundadores da poesia moçambicana, embora esta nova geração de poetas seja considerada, pelo menos nos __ é bom que se diga __ restritos encontros de discussão sobre literatura, de GERAÇÃO DOS ATREVIDOS, devido à sua postura irreverente pelo menos do ponto de vista de conteúdo e, por vezes, de estilo.

Os Solavancos a que a literatura nos remete


Estas coisas de envolvermo-nos com a escrita literária e seus campos adjacentes tornam-nos tão hipócritas que nem nos damos conta disso. Consideremos, portanto, que a noção de hipocrisia aqui trazida é deveras literal para que se submeta sem reservas a qualquer estereótipo preconcebido pelas e entre as pessoas.
Ora vejamos, ao envolvermo-nos com a escrita, criamos uma personagem a nosso gosto, ponderação e exigência para que fale por nós de forma bela, acima de tudo, em sessões de autoterapia a que chamamos de exercício artístico. E, sem nos apercebermos, esse Outro (artístico) torna-se muitas vezes diferente do Eu (sujeito biopsicosociocultural). Daí a velha e célebre frase Pessoana: “o poeta é um fingidor”.
Tudo isto aparece-me à mente como uma pontiaguda zagaia no bojo da presa dum caçador, logo a seguir a um flashback onírico duma tarde inesperadamente emocionante:
Era domingo. Estava em casa. Acompanhado. Consta-me que tive vontade de partilhar os textos em poesia que compilei e armazenei em jeito de caderneta e que, também, gravei-os em áudio numa tentativa de abraçar o jazz-poetry. A partilha era mesmo intencional…claro! Vezes há em que até os que se dizem reservados e discretos ligam aos holofotes!
Fiquei quieto para dar tempo e sossego à moça que me acompanhava – cujo nome não me ocorre – que, por sua vez, percorria os poemas escritos com os olhos enquanto simultaneamente escutava, pelo reprodutor, as gravações das declamações dos mesmos textos…feita por mim. Ela, sempre com uma expressão facial ambígua, ficava toda atenta. Eu, estava quieto para não atrapalha-la com a minha ansiedade em saber o que achava do meu trabalho, embora não precisasse dos seus aplausos para continuar a escrever.
- Com ou sem eles (os aplausos) continuarei desenhando palavras – disse para os meus botões.
O silêncio tomou conta da sala de estar em que estávamos sentados lado a lado. Ela, continuava atenta. Eu observava-a sorrateiramente, num olhar de quem diz: eu quero olhar mas, não quero. No entanto, algo chamou-me atenção na atenção atenta dela. Era algo que, no momento, comparei à atenção que um crente devoto e convicto da sua condição de crente dedica ao momento da missa clerical: os olhos na bíblia e os ouvidos na voz do padre.
- Puxa! Agora ultrapassei os limites do absurdo na comparação – pensei. Equiparar o meu manuscrito à Bíblia; e a minha declamação à leitura do padre, é algo que posso, no mínimo, considerar inconcebível, tomando como base a natureza sugestiva e libertadora de um versus a natureza dogmática e oprimente do outro; e, ainda, o carácter melódico, harmonioso, demasiadamente expressivo de um versus o carácter monótono, do ponto de vista de entoação, do outro.
Antes que eu pensasse mais alguma coisa que me pudesse irritar ainda, ela aborda-me com uma voz de gato: fina e plangente, e diz: olha Elísio…
Permaneci quieto para disfarçar a ansiedade que me consumia.                              
- epss! Os textos são maravilhosos tanto quanto as declamações, mas…. – Mostrou-se hesitante. Eu sabia que aquele “mas” pretendia introduzir uma adversativa.
O meu peito parecia frágil para suportar as batidelas dum coração que decidira bater mais forte, tirei um lenço do bolso para limpar o suor que subitamente aparecera na ponta do nariz, os meus olhos estavam cravados nos seus: estava ansiosíssimo. Queria ouvir o resto.
- mas -  disse eu, num tom grave, para que ela terminasse a frase.
- ah! Não, se não te vais zangar comigo.
- Não, nada disso. Podes dizer querida. Não sou assim tão mau. – Tentava tranquiliza-la.
- É que…os textos e a declamação…são maravilhosos MAS….parece que não foi você que produziu. Pronto falei…Parece que os textos e a declamação foram feitos por outra pessoa que nem é daqui.
- Aé!... – Sorri, de um jeito irónico – as pessoas têm mania de medir os outros aos palmos – acrescentei.
Ela reparou-me e sorriu – tens razão – disse ela.
E, antes que eu dissesse mais alguma coisa – que pudesse esclarecer que esta coisa de ser uma pessoa (o EU) e estar na literatura como se fosse outra pessoa (o OUTRO), é tudo uma questão de FICCIONALIDADE…é fingimento – chega-me aos ouvidos uma melodia linda que Morreira Chonguissa intitulou de “360 degrees (what goes around comes around)”. Era o som do meu alarme. Interrompido o sonho, despertei. O relógio marcava 6:00 da manhã.
- Está na hora de ir à faculdade. – Pensei.

disponível também no rectasletras.blogspot.com

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Comemoração dos 90 Anos do Poeta-Mor em Xai-Xai, na Casa Provincial da Cultura

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Passado e presente do Grupo Cultural Xitende

Surgimento:
Surge o grupo Xitende na década noventa, sendo um grupo literário da cidade de Xai-Xai, criado por jovens literatos como Andes Chivangue, Dom Midó das Dores entre outros, dedicando-se na edição de uma revista ostentando o mesmo nome, e criando um espaço de entretenimento para jovens na Casa Velha onde decorriam actividades como declamação de poesia, teatro entre outras actividades.

Ao longo dos anos devido a necessidade de continuarem com os estudos, parte significativa dos autores desta iniciativa abandonam-na e, desta forma, esta ficou a cargo de outros autores da mesma para que pudessem dar a devida continuidade, destacando-se entre estes: Sérgio Carlos Mapiquije e, até cerca de 2005 a revista contava com mais de cinco colaboradores.

De 2006 a 2010, este projecto conheceu o que poderíamos chamar de período estagnado, devido ao facto de não ter havido qualquer tipo de actividade, tanto no sentido de se produzir uma nova edição da revista, assim como, no sentido de se continuar com as actividades de cunho declamatório que já vinham sendo veiculadas. Esta estagnação foi principalmente devida a falta de um editor e/ou coordenador deste projecto que a tempos fizera Xai-Xai viver momentos literários nunca antes vividos nesta urbe.

Em 2011, havendo necessidade de se ter um programa do género, para trazer de volta á cidade de Xai-Xai, em particular, e á província de Gaza, em geral, o que os imprevistos de percurso acima descritos tiraram: referimo-nos às actividades literárias, Deusa D´Africa aparece com a iniciativa de dar continuidade ao projecto dando uma outra dinâmica a este grupo no mesmo espaço territorial em que fora criado __ Cidade de Xai-Xai, província de Gaza, através de pequenos programas de entretenimento devido ao facto de até então contar só consigo mesma na coordenação de todas actividades, como por exemplo: procurar novos talentos na actividade artística para leva-los ao público.
Em busca de colaboradores para renascer o Xitende, Deusa D’Africa alia-se ao Xinyamukwasa um poeta de Xai-Xai, e Osvaldo Rios um poeta e estudante de lingua Portuguesa que responsabilizara-se por trazer mais estudantes de Lingua Portuguesa para membros e colaboradores do grupo.

Hoje o grupo conta com cerca de doze colaboradores, e um inexprimível número de membros que vão-se aliando ao grupo em cada dia que passa, num  período  carcterizado por uma ascensão do mesmo devido a passagem de grupo literário Xitende para grupo cultural Xitende, ao implementar diversas estratégias de actuação que tem como alicerce a exploração de todo potencial artístico de Gaza nomeadamente: poetas, cronistas, contistas, romancistas, pintores, cantores, dançarinos, encenadores e outros fazedores da arte. No entanto, predispomo-nos a parcerias com qualquer organização de qualquer ponto geográfico que tenha objectivos convergentes aos do Xitende.

Objectivos:
Sendo verdade que a cultura faz um povo ser o que é, o grupo cultural Xitende assume, diligentemente, como desafios: o rebuscar daquilo que são os valores culturais do povo Gazense que, com o advento das hipocrisias outrora propagadas e que, aliás, dói-nos lembra-las, foram enfiados em escombros para que ao esquecimento fossem sujeitos. No entanto, este rebuscar não é feito por egoístas almas, tanto que, o Xitende tem feito de forma poetizada, musicada e mais a difusão destes valores e óbvia “contemporaneização” dos mesmos tendo em vista, dar resposta ao facto inegável do dinamismo das sociedades e suas vivências. Desta forma, o grupo acredita que será possível o encaminhamento dos valores da juventude da província de Gaza e de Xai-Xai, em particular, a bom porto e precaver o “abismo cultural” que todos testemunhamos.

Parceiros:
O Xitende tem parceria com a Casa Provincial da Cultura que cede o espaço onde decorrem suas actividades, Direcção da Juventude e Desportos que apoia na aparelhagem, a Universidade Pedagógica Delegação de Gaza que através dos seus docentes tem dado aulas de sapiência nas Noites de Poesia, entre os quais podemos destacar o dr. António Cossa, dr. Pedro António Bila que tem se identificado nesta causa; órgãos locais de informação que ajudam na divulgação dos seus trabalhos; e o remanescente das necessidades tem sido respondido por fundos próprios.

O que é Noite de Poesia para Xitende:
Noite de Poesia é um programa que tem decorrido na última sexta-feira de todos os meses, tendo seguintes actividades: declamação de poesia ao som da Timbila, declamação de contos e crónicas, aulas de sapiência sobre vida e obra de diversos artistas e assuntos sociais, música acústica ou ligeira, música ao vivo com bandas locais, dança tradicional e contemporânea e, por fim, exposição de artes plásticas.

Pontos Fortes:
Temos como fortes alicerces para a manutenção deste grupo: a existência de colaboradores bastante interessados em manter vivo o grupo que faz de Xai-Xai palco de momentos artísticos inéditos (Xitende) tais como músicos, poetas entre outros artistas que embora detenham o conhecimento da natureza não-lucrativa do grupo dedicam-se incansavelmente para manter viva a actividade cultural do povo gazense e por consequência zelando pela existência deste povo, tendo em conta que todo povo sem cultura entrega-se passivamente a não-existência.

Pontos Fracos:
Para levar avante esta causa nobre a grupo cultural Xitende, queixa-se dolorosamente pela falta de apoio de instituições intimamente ligadas ao campo de acção do mesmo, referimo-nos á cultura: tais como escolas entre outras entidades ligadas a esta área, pelo facto de quando abordados, estes mostrarem uma postura de distanciamento para com os objectivos deste grupo (de desenvolver a cultura nesta província) agindo como se tivessem uma repugnância a esta iniciativa, o que preocupa muito ao grupo devido a sua posição e o seu papel na sociedade; e, como toda organização sem fins lucrativos, Xitende queixa-se da falta de recursos financeiros para dar continuidade a vários projectos por si levados a cabo, tais como: lançamento da revista, produção de eventos culturais em diversos locais além da cidade de Xai-Xai tendo em vista a expansão do espaço geográfico em que este grupo vive e faz viver a cultura.

Espectativas:
Com as diversas actividades culturais que o grupo Xitende veicula, almeja que haja mais amadores da cultura em Gaza e que os jovens identifiquem-se com este movimento, de tal maneira que possam trocar as discotecas e outros locais de consumo de drogas e maior susceptibilidade de se infectar pelo HIV/Sida por um local de entretenimento ameno e construtivo capaz de despertar neles habilidades que até então estão sobre tutela do desconhecimento deles e dos demais.
E, claro, criar um espaço de maior intercâmbio com diversas organizações culturais cujos objectivos estejam em harmonia com os do Xitende.

Actividades Desenvolvidas no Ano de 2011
No dia 09 de Março, estreiou o programa Noites de Poesia, através de uma Homenagem feita à Josina Machel, onde as actividades principais foram música ao vivo com a Banda Ndzeco, declamação de poesia ao som da Timbila.

No dia 29 de Abril, homenageiou-se a Noémia de Sousa, onde tivemos como convidados especiais O Governador da Provincia de Gaza e a Vice-Ministra da Educação, e na voz do dr. Pedro Bila, falou-se da sua vida e obra.

No dia 25 de Maio, homenageiou-se, o parnasiano Olavo Bilac, onde na voz de Alberto Cuambe falou-se da sua vida e obra, seus poemas foram recitados, música acústica com o músico Passarinho.

No dia 29 de Junho, o Ilídio dos Anjos, falou da poesia de combate, e como algo habitual alguns textos dessa época foram recitados.

No dia 29 de Julho, o grupo cultural Xitende, havia programado uma noite de poesia, que por motivos ligados à agenda nacional, concrectamente o acampamento juvenil da região sul, o programa foi prorrogado para o dia 30 a 31 de Julho, onde homenageiou-se o Rui de Noronha, e o dr. António Cossa falou da sua vida e obra, acompanhado pela declamação dos textos deste escritor.

Em Agosto, iniciaram as actividades do concurso inter escolares de poesia marcadas pelo casting nas escolas secundárias e pré-universitárias da cidade. No dia 26 do mesmo mês, homenageiou-se a Florbela Espanca por actividades como declamação dos seus textos e reflexão em torno da sua vida e obra.

No dia 24 de Setembro, por ser mês que no longíquo ano de 1964 inicia-se a luta armada de libertação nacional, e o Xitende não podendo ficar de fora, teve a honra de atribuir o título de “poeta mais eloquente de todos os tempos” ao escritor Kalungano que foi o convidado especial da Noite, bem como o Governador da provincia.

No dia 29 de Outubro, por ocasião das celebrações do mês da cidade de Xai-Xai, tivemos a final do concurso de poesia, numa noite intitulada “Versos Ensaguentados” onde tivemos como convidados especiais o Movimento Literário Kuphaluxa num intercâmbio cultural, onde a voz e a poesia salgaram os versos de sangue na noite deste pedaço do Indico.

No dia 23 de Dezembro, o grupo Xitende organizara um evento intitulado “Gala de personalidades”, onde tinha como principal intento congratular, através de certificados de honra, várias personalidades inseridas em diferentes áreas da vida social e política nesta urbe que no ano em curso (2011) distinguiram-se na promoção de actividades culturais e, entre as quais destaca-se o Governador da província de Gaza. E, com vista a continuar com o intercâmbio cultural, fora convidado para este evento o movimento literário Kuphaluxa, que, junto dos membros do grupo cultural Xitende, o poeta e declamador Dom midó das dores e da banda Ndzeko fizeram que mais sabem __ viver e fazer viver a cultura.