Deserto
Amoroso (por kapella)
No deserto amoroso entre tu e eu, tu és água
No gemido de
prazeres entre tu e eu, tu és a coragem
Na paixão que escore no meu coração, tu és a
barragem
Nas dificuldades que a vida nos expõe, tu és a solução
Na tristeza que o destino nos reserva, tu és a
inspiração
Pela longa caminhada que nos espera, tu és a ponte
Pela falta de água que a garganta reclama, tu és a minha
fonte
Pelo azar que passamos pelas ruas imundas, tu és a
sorte
No escuro das noites de inverno, tu és a minha lua.
Limpopo
(por Mbalapala)
Este é o teu solo
Singrando pelas tuas águas
Transbordantes nos verdes planos
Alimentando os arrozais dos povos.
Este é o meu sonho
Que me faz sentir
O toque do teu punho
Escorrendo nos teus afluentes
Alimentando a fauna,
as Avestruzes de Banhine.
Quero mais saber
do teu rosto,
dos teus rastos
quando desmaias no Zongoene!
Ah, já sei, ai o povo canta
com o sabor de “massole-sole”
o grande Camarão de Barra!
(Por Hosvaldo Rios)
Verdade ou não
Eu não falo nada a toa
Nem em voz alta
Mas... conhenço grandes paixões
Amores eternos
Que um dia fultuaram seu halo
Nas odaliscas impuberes
Conhenço grandes paixões
Amores infames
Que não se podem exprimir a luz aceza
Vividas por meretrizes
Amantes dos seus senhores
Eu conhenço paixões
Amores não assumidos
Que vadiam bares de café com cigarros
Queimando beicos belfos de mau humor
Para olhares apaixonados
Conhenço amores utópicos
Pintados em versos empoados
Um olhar feminil a desejar
Conheço amores em guerra
E mamores em paz
Falecendo no triunfo como povora
Verdade ou não
Conheço amores
Mortos em lábios como beijos
Terminados com emoção
Como versos deste poema...
Apaixonei-me pela graça
Emocionei-me de graça
Senti-me realizado
E aleguei-me amado
As estrelas do céu cintilavam no meu norte
No interior de mim radiava em toda a parte
Um escurecer breve descansado
Era um encontro pousado.
Decepcionei-me aludido
Perplexei-me na esperança
Convenci-me desiludido
Um amor me encantou
As luzes se apagaram
O destino me contentou.
PAÍS DE MIM (Por Mafavuka Khosa)
Yó país de mim!
Ontem delirava derramando o meu pranto
Na ilusão de um sonho enorme pronto
As minhas bases e situação de mim
Yó país de mim!
Ontem anciava com garra contemplar o hoje
No resgate de olho do teu futuro brilhante
Era tudo que queria para mim
Finalmente!
O sonho comparava-se a verdade
Numa emoção de sonhador vencedor
Começava a inalar o fim do delírio
Yó país de mim!
Hoje , o sonho de ontem continua
Numa esperança misteriosa de imensa utopia
Ainda hoje vejo as minhas bases
Em imensa distância nua.
Ah! País de mim
O que tens ninguém ostenta com pompa
A tua cultura de ontem para amanhã
Encarnou-se no seio do alheio sem reserva
Olhas para ti e digas para mim.
-
onde
está Xingomana?
-
onde
está Ngalanga?
-
Onde
esta Massesse?
-
...?
Ah!
País de mim.
Nos teus palcos só arrasam hip hop, jazz, samba, passada,
fank, kwasa-kwasa
Onde está a tua verdadeira cultura?
Ah! País de mim.
No lugar de consumir abastadamente
Só me resta fome gigante daquelas fogueiras vespertinas
Tomadas de oratura: karingana wa karingana, phá
teka-teka, mbalele-mbalele
Que dizer mais!?
Uma escola esquecida
Nunca mais minhas bases.
Naquela verde madrugada,
eles disseram-me,
que estavam para partir e,
que a vida, jamais teria sentido,
de existir.
Porque tudo nela é passageiro,
Nada era verdadeiro,
e lá a alma não tem limites,
somente o nascimento,
casamento
e mortes,
é que se tem por comemorar,
porque ainda as lembranças iam e,
voltavam.
Eles disseram-me
Que em breve estariam comigo
Nos meus passos eternamente,
Mas me custava crer
Que era verdadeiro.
Eis a doença dos corpos,
Apareceu sem testemunho
Sugou o meu suco sagrado.
Aos poucos espreitava,
O que me custava crer,
Já estava lá,
No baile dos
mortos.
Pássaros
no Ninho (por Elísio Miambo)
Pronto para mais uma jornada poética,
Falta de arte noto em mim __ tristemente.
Labirintei-me nas frases que a vontade suplica,
O excesso delas torna-me demasiado vacilante!
Na luz, na escuridão, até na alvorada cinzenta,
Encontrei o vazio da fúria e arte poéticas.
Talvez estejam no silêncio absoluto, em falta,
Nestas aldeias modernamente aglomeradas.
E, neste espaço esvaziado de tranquilidade,
Encontro pássaros despidos de amor-próprio,
Poluindo a pureza que na pureza persiste.
Destruídas vão sendo suas vidas,
Delas pouco se espera além de um fim sombrio.
Oh! Quem tanto pudera elucidar estas mentes cegas?!
Quando estivermos vivos
Nos amaremos e activos
Permaneceremos causando gana
Aos que não são amados
E de quem aos estóicos emana.
Quando estivermos vivos
Abraçarmo-nos-emos na varanda
E pararemos a lua
Para que não haja sol na rua
Quando estivermos vivos
Eu e tu seremos um
Iguais a outro casal nenhum
E em cada solo nosso sémen
Fecundará o alimento do povo, o pão.
Quando estivermos vivos
Todos dias serão dias de sarau
Quer dizer, todas noites porque não haverá sol
para definir o dia, então serão noites de sarau
Sarau serenatas e satisfação em semblantes
Sem lugar para os com cara de pau.
Quando estivermos vivos
Gargalharemos de tal maneira
Que nossos olhos jorrarão, água
Que inundará a cidade de felicidade.
Quando estivermos vivos
Como ovíparos pariremos
Um enxame de príncipes
Que serão os munícipes
Desta cidade sem mocidade.
Quando estivermos vivos
Beberemos água gelada
Que neste tormento nem a fada
Nos pode dar por misericórdia
Ou por compaixão
Mesmo vendo que em nós há paixão.
(Poema Classificado em 1º Lugar do Concurso Internacional
de Poesia Alpas XXI em Brasil 2012)
Hoje Apetece-me
Pintar os teus lábios,
Com a tinta da minha boca,
E este pincel mergulhado na boca
Até ela ficar oca.
Hoje Apetece-me
Soletrar em surdina
Tudo o quererias ouvir
Como o sopro que deu a vida a Adão
E ulteriormente tornar-me
Tuas vestes
Desse corpo despido
Pelo meu desejo
E os deuses dando-me um ensejo
De alcançar a carreira de estilista
Só para te vestir
Com a tua nudez que almejo.
Hoje Apetece-me
Fazer sem cunhas
Mas sim, usar minhas unhas
na textura da tua tez.
Hoje Apetece-me
Fumar as tuas mágoas
E aliviar os pulmões
Com um charuto.
Hoje Apetece-me
Ao altar, levar-te,
E casar-te
Só e só por hoje,
Ter a lua-de-mel,
E esquecer a acerbidade
Desse coração fel
Na escolha de homem, cheio de sumptuosidade.
Hoje Apetece-me
Nas tuas entranhas, arquejar
Nelas manejar
São e Vão (por
Deusa D´Africa)
(Poema Premiado em Destaque Literário do Concurso
Internacional de Poesia em Brasil 2011)
Os olhos do poeta são um mar
ondas consecutivas vão tecendo o luar
conchas e mariscos vão decorando espaço lunar
em todas manhãs o sol e seus filhos a raiar
tsunamis e outros cismos vão construindo o epicentro e
seu lar
ventos e brisas vão se confundindo na arte de amar
postais e cartas são recebidos mesmo sem selar
homens bons e maus vão jogando o lixo mesmo respirando
esse ar
casas vão se erguendo mesmo no território ímpar a
desmoronar
gotas de água vão salgando vidas para o homem saborear
e estéril vai esmorecendo com o nascer da cegueira do mar
cardiologistas vão se afogando tentando explorar
seus bens em prol de remédios para remediar
a dor pelos mesmos causada, sem intenção de
consciencializar
os outros matadores deste inocente e puro olhar.
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